CURIOSIDADES

Rio de Janeiro, 17 de Julho de 2015.


Acredita-se que a cuíca tenha chegado ao Brasil com os negros africanos bantos, que a usavam para afugentar os leões e para dialogar com os deuses e teria sido introduzida no desfile da Estácio de Sá.
Coube a mestre Marçal um registro histórico dos primórdios da cuíca nos desfiles das Escolas de Samba:
- As cuícas eram construídas por uma barriquinha de vinho. O cara entrava com o couro molhado, vinha puxando e dava tacha nela toda. Ficava um surdinho. Ai, ele pegava uma vareta de bambu, furava a ponta com um alfinete quente, atravessando de um lado para outro, e enfiava um pedaço de arame. Preparava duas arruelas de couro, com dois furos em cada, e colocava uma pelas pontas. Dava dois furos no centro da pele da cuíca e metia por ali. Do outro lado, punha outra arruela e torcia para fixar a vareta. Só que, assim, a cuíca não tinha resistência. De tanto puxar, rasgava devido ao atrito. Aí, o falecido Chico da Cuíca mudou a forma de encourar. É assim: você pega uma vareta e faz uma cabeça nela. Eu, por exemplo, boto Araldite na ponta e enrolo linha. Então, você bota a vareta no centro do couro molhado e faz uma espécie de chupeta, amarrando forte. Depois, com a vareta presa, você põe no arquilho, senta na barrica e vem puxando a pele. Quando ela seca, as rugas vão se desmanchando. É outra segurança. (Cabral: 1996: 103)
A cuíca compõe-se de um instrumento de fricção em formato de tambor, segurada no ombro ou no pescoço por um talabarte. Existem muitos tamanhos de cuíca, em média de 8 a 14 polegadas. Embora seja geralmente considerada um instrumento de percussão ela não é percutida como os demais instrumentos da bateria. O som da cuíca é tirado por meio da fricção, com um pano molhado, de uma pequena haste de bambu localizada no seu interior, presa a membrana de couro bastante esticada que reveste o instrumento, enquanto se pressiona com o dedo da outra mão, que segura a cuíca, a parte externa do couro do instrumento.
A tonalidade de seu som depende do ponto e da intensidade do toque. Quanto mais perto do centro do instrumento for a fricção da haste, mais agudo será o som produzido. O polegar, o indicador e o dedo médio seguram a haste no interior do instrumento com um pedaço de pano úmido em água, álcool ou querosene (chamado de gorgorão), e os ritmos são articulados pelo deslizamento deste tecido ao longo do bambu. Quanto mais forte a haste for segurada e mais pressão for aplicada na pele mais altos serão os tons obtidos. Um toque mais leve e menos pressão irão produzir tons graves, mais baixos. As cuícas menores produzem som mais agudo.
Seu andamento depende da marcação dos surdos, que são seguidos pela cuíca. As cornetas e outros apetrechos que aparecem em algumas cuícas nas baterias são meramente decorativos. Embora atualmente as cuícas quase não sejam ouvidas no meio de tantos instrumentos, elas produzem um som exótico, que tende a imitar a voz humana em forma de grunhidos, gemidos, gargalhadas, soluços e guinchos. Também é comum ver nos desfiles cuiqueiros junto a pandeiristas e passistas." ( Farias, Julio Cesar. Bateria: o coração da escola de samba/ Julio Cesar Farias. - Rio de Janeiro: Litteris Ed. 2010. Pag: 91/92)

*As informações contidas no texto são de inteira responsabilidade do autor do livro, sendo usado pela Confraria com intuito meramente educacional.

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